quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sonho de uma noite de verão

Lembra-se dos dias de infância? Aqueles dias que as tardes pareciam atemporais e o crepúsculo durava tempo suficiente para empinar pipa, jogar bola, ralar os joelhos, brincar de esconde esconde e ainda sobrar tempo para levar bronca da avó chamando para tomar banho. Sinto falta disso, aliás, sinto falta de muitas coisas de minha infância: do bolo de cenoura com chocolate que minha tia fazia para agradar meu primo e eu, das tardes inteiras de sol trepado (como diria minha finada avó) na laje, de esperar o vizinho chegar da escola para irmos ao campinho jogar futebol e até das ralações de joelho, marcas que tenho até hoje em ambos. Ontem ao caminho da faculdade senti cheiro de flores. Aquele cheiro tão doce, tão bom de sentir, cheiro tão peculiar de dama da noite. Senti vontade de ter um jardim com flores, passar o dia em uma varanda de uma casa bem espaçosa, ler um livro em uma cadeira de balanço, sentir a brisa do ar vespertino e ver meu belo jardim: bem cuidado, com a grama aparada e flores de diversas cores exalando seus diversos odores. Tive vontade de ter apenas isso, imagino que nunca terei, mas mesmo assim tive vontade. Pensei em como seria perfeito se fosse dessa forma, com minha esposa ao fundo preparando um chá gelado para se juntar a mim e discutir sobre música, política, religião, cotidiano, ou até mesmo, para termos uma DR.

Seria legal. Eu poderia ser um advogado, juiz, promotor, consultor... qualquer coisa relacionada, já que provavelmente é algo que serei em um futuro próximo, a diferença é o cenário. Ah, o cenário, como pode mudar tanto? Dizem que é a perspectiva adotada, a minha atualmente, é a pior possível. Totalmente enegrecida. E olha que eu sou extremamente simplista, um livro, afagos e um pouco de dinheiro já é o suficiente pra minha felicidade, mas mesmo assim, não a encontro em lugar algum. Acredito que alguém a tomou, ou eu a perdi por algum lugar obscuro... quem sabe?

Dizem que um dia as coisas mudam, pois eu espero que mudem, gostaria mesmo! Gostaria de alguém para pegar minha mão e dizer que está tudo bem, que me pegasse pelo braço e me levasse a algum lugar, já que atualmente, estou me arrastando. Mas isso, também parece ser ilusão. Tudo parece estar perdido e nada parece ser consertado. O vazio que sinto é proporcional a dor, e ambos vem sem motivo algum e em momentos inapropriados. Não há motivo para a dor e nem para a tristeza, eu sei bem disso, mas não consigo deixar de senti-las. Vai entender, não é?

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